Escola paulista mescla aulas regulares e projetos complementares para possibilitar novas formações aos seus alunos.
Colégio Parthenon, de Guarulhos – SP, já se antecipa à implementação do novo Ensino Médio e oferece aos seus alunos a oportunidade de participarem de projetos que vão além do currículo tradicional, algo semelhante à noção de itinerários formativos, conforme indicado na Lei do Novo Ensino Médio e na BNCC para essa etapa. Com isso, eles já são apresentados a outras possibilidades de formação, permitindo vivências que os aproxima de uma futura carreira profissional, além de desenvolverem habilidades que não seriam tão potencializadas nas aulas regulares. O diretor da escola, Eduardo de Oliveira, conversou com a EducarMais sobre esses projetos:
Eduardo de Oliveira: Os itinerários formativos oferecem a possibilidade de customização do currículo e, com isso, têm o potencial de tornar o Ensino Médio mais atraente para os adolescentes, pois visam assegurar aprofundamento em áreas do conhecimento em que os alunos tenham maior interesse.
Ao propor os itinerários formativos, os alunos antecipam um processo que, do ponto de vista acadêmico, só acontece no final do Ensino Médio, quando precisam escolher a carreira universitária que pretendem seguir. Ou seja, os benefícios vão além de oferecer uma formação de nível médio customizada aos estudantes desse segmento.
Para a escola, isso representa um imenso desafio, pois envolve a adoção de metodologias de trabalho diferenciadas, reestruturação dos espaços de aprendizagem e investimento na formação e contratação de professores que possam ir além dos conteúdos disciplinares tradicionais, já que os itinerários formativos não podem oferecer apenas mais do mesmo. O professor de Literatura, por exemplo, pode aprofundar em um desses itinerários a discussão sobre o Realismo fantástico na literatura latino-americana ou mesmo comparar a obra de Gabriel García Marquez com a do escritor japonês Haruki Murakami. Isso é literatura, mas é muito mais do que aquilo que os alunos viriam no currículo que é determinado para o núcleo comum.
É uma questão de ponto de vista, mas consideramos que todo desafio traz benefícios, pois a escola precisa ser uma instituição inquieta, sempre em movimento, para poder acompanhar as demandas de um mundo em permanente mudança. Isso não é fácil, mas quem quer se diferenciar em um mercado cada vez mais competitivo não deve evitar o difícil.
Os alunos, a partir do 9º ano, já podem escolher algumas eletivas disciplinares para cursar, nas diferentes áreas do conhecimento. Todos esses cursos adotam metodologias ativas. Além disso, a cada trimestre eles participam de um projeto que envolve a resolução de problemas da vida real, tendo como referência a metodologia ABP (Aprendizagem Baseada em Projetos).
Introduzimos também no currículo, a partir do 7º ano, a obrigatoriedade de cumprimento de uma certa quantidade de horas em atividades complementares, que podem ser realizadas internamente ou externamente, como visitas a museus, exposições, teatros, cinemas, shows, participações em cursos extracurriculares.
Com isso, temos a intenção de, a longo prazo, formar alunos que tenham um repertório cultural diferenciado, que certamente será muito valorizado no mundo do trabalho e em tantas outras dimensões da vida desses meninos e meninas.
Além das eletivas disciplinares, dos projetos transdisciplinares e das atividades complementares, que são obrigatórias, os alunos ainda têm a possibilidade de participar de outras atividades e projetos que visam aprimorar a formação acadêmica. Um dos projetos mais procurados por eles é a Empresa Jovem, que tem por finalidade criar as condições necessárias para que se desenvolva o espírito empreendedor, bem como outras competências relacionais muito valorizadas no mercado de trabalho (capacidade de trabalhar em grupo e de resolver problemas, resiliência, sociabilidade, comunicação, entre outras).
A escola do século XXI ainda tem um caráter seletivo e propedêutico que não combina mais com as demandas do mundo contemporâneo. Os exames vestibulares continuam determinando o currículo escolar. Enquanto essa realidade não mudar, ainda teremos a necessidade de oferecer um currículo com uma carga elevada de disciplinas do núcleo comum a todos os alunos, independentemente daquilo que estabelecer a Base Curricular para o segmento. Mas não podemos ser omissos em relação às outras demandas que esses meninos e meninas enfrentarão após o vestibular. É fundamental prepará-los para que tenham excelente desempenho acadêmico nas universidades e também para que se insiram no mundo do trabalho com competência. A tarefa é enorme e urgente e quanto mais cedo nos dispusermos a enfrentá-la, melhor serão os resultados.
Entrevista publicada originalmente na revista EducarMais.
Ano X – Nº 19 – Maio/2019